5 ótimos Road Movies disponíveis no Netflix

Há algo de especial em road movies. Um dos meus gêneros preferidos, os road movies são os “filmes de estrada”. Neles, os personagens, geralmente, partem ou para buscar algo em suas vidas, ou para fugir de algo que lhes oprime. Os encontros e desencontros com outras pessoas durante o trajeto também são um elemento recorrente nesses filmes. Eles me tocam fundo por se ligarem a uma recusa das normas sociais, a um desejo de rompimento, liberdade e (re)descoberta.

É aquela velha história do desejo da conquista: uma vez que você consegue o objeto do desejo, ele deixa de ser interessante. Talvez por isso, e por uma analogia à nossa própria vida, os road movies nos fazem perceber como o caminho, a jornada, os perrengues, os obstáculos, as pessoas que encontramos, como tudo isso é aprendizado, crescimento, amadurecimento, e muito mais importante do que chegar ao destino final. A estrada representa o desconhecido, e a viagem se torna um fim em si mesma.

O gênero mesmo decola na década de 60, muito ligado ao movimento da contracultura, com filmes independentes como Bonnie & Clyde e Easy Rider. É claro que temos filmes de estrada antes disso, mas pensando outras relações, como a transição do campo para as cidades e a nova sociedade dos bens de consumo.

Em termos de inovações cinematográficas, os road movies inovam com novos movimentos de câmera, montagem, trilha sonora (regada à rock n’ roll) e, principalmente, em suas estruturas narrativas. Passam a ser mais abertas e menos causais, quase como à deriva do que pode aparecer na estrada.

Pensando nos tempos sombrios em que vivemos, os road movies sempre trazem esse bocadinho de alívio. De saber que não estamos sozinhos na nossa caminhada aqui no caos terrestre, e que a vida é assim mesmo, cheia de imprevistos, mas também, cheia de poesia e amor!

É por isso que faço essa lista de alguns road movies imperdíveis disponíveis no Netflix! Para quem não vai fazer a jornada física aí no feriadinho da semana que vem, ficam oportunidades de viajar sem sair do lugar.

 

 1- Na Estrada (On the Road) – Walter Salles, 2012

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Walter Salles tem uma longa história de amor com os road movies. Central do Brasil e Terra Estrangeira fazem parte desse imaginário da estrada, da sensação de (não) pertencimento e das descobertas. Nessa adaptação de um dos meus livros preferidos, o On The Road, de um dos símbolos da geração beat, Jack Kerouac, Salles mantém uma estrutura narrativa mais aberta, explorando o interior dos Estados Unidos. O escritor Sal Paradise e seu amigo Dean Moriarty saem de carro pela rota 66, encontrando pessoas e passando por situações loucas e experiências novas. Em meio a um cenário de jazz, drogas e liberdade, On The Road traz aquela vontade de sair por aí, sem destino!

2- Na Natureza Selvagem (Into the Wild), Sean Penn, 2007

 

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Alex Supertramp, no filme, pedindo carona, interpretado por Emile Hirsch

A história desse filme é sensacional e baseada em fatos reais. O escritor Jon Krakauer publicou, em 1993, um livro de não-ficção, baseado na vida de Christopher McCandless, a partir de seus diários. Christopher foi um jovem estadunidense que, após se formar, largou tudo e resolveu viajar pelo país até o Alaska. Sozinho e com poucos recursos, Christopher se volta para uma jornada que é muito mais uma tentativa de abandonar a artificialidade da nossa sociedade e se voltar para si mesmo e para a natureza. Na Natureza selvagem é, com certeza, inspirador e emocionante, com um toque das ideias de Henry Thoreau, de ir viver com as coisas que a natureza dá.

 

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Imagem real de Christopher

 

3 – Thelma & Louise. Ridley Scott, 1991

Um dos clássicos do gênero, Thelma & Louise é um filme sobre amizade, libertação, e principalmente, sobre libertação feminina. Louise Sawyer (Susan Sarandon) e Thelma (Geena Davis) são duas amigas que levam uma vida “comum”. Louise é garçonete e Thelma é dona de casa. Para fugir da opressão do dia a dia e da presença masculina em suas vidas, elas decidem fugir. Saem sem destino, mas acabam cometendo um crime e acabam sendo perseguidas pela polícia. Uma coisa meio Bonnye e Clyde, mas com um outro viés. Go girls!

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4 – Paris, Texas. Wim Wenders, 1984

Difícil fazer uma breve descrição de Paris, Texas, já que ele não segue tanto as recorrências do gênero, principalmente em termos de narrativa. O filme é muito mais aberto e convidativo ao espectador do que os outros da lista. A história contada é a da errância de Travis e a sua tentativa de se encontrar e se (re)conectar com sua família. As paisagens desérticas, o silêncio e essa falta da causalidade chama a atenção para um intenso exercício de reflexão. Vou deixar aqui um link de uma matéria que fala sobre 7 motivos pelos quais devemos assistir ao Paris, Texas: http://www.aescotilha.com.br/cinema-tv/central-de-cinema/paris-texas-merece-ser-revisto/

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5 – The Fundamentals of Caring (Amizades improváveis), Rob Burnett, 2016

Original do Netflix, é aquele tipo de filme bonitinho e “bobinho”, do qual você não espera nada, mas acaba se surpreendendo, principalmente por sua leveza e por seu humor. Ele passa bem aquele sentimento de estar à deriva dos acontecimentos da vida. Paul Rudd é Ben Bejnamin, um cara que está passando por maus bocados, acaba se matriculando em uma aula de cuidador. Quando percebe, já está trabalhando cuidando de Trevor, um jovem que possui uma deficiência que causa atrofia nos músculos. A partir daí, a viagem  que fazem juntos, passa a ser um marco para a vida de várias pessoas. Vale a pena para um momento de descontração!

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